sexta-feira, janeiro 12, 2007
um chapéu... entre a memória e o esquecimento
Quisera então saber toda a verdade
De um chapéu na rua encontrado
Trazendo a esse dia uma saudade
D'algum segredo antigo e apagado
Sentado junto à porta desse encontro
Ficando sem saber a quem falar
Parado sem saber qual era o ponto
Em que devia então eu começar
Parada na varanda estava ela a meditar
Quem sabe se na chuva, no sol, no vento ou mar
E eu ali parado perdi-me a delirar
Se aquela beleza era meu segredo a desvendar
Porém apagou-se a incerteza
Eram traços de beleza os seus olhos a brilhar
E vendo que outro olhar em frente havia
Só não via quem não queria da paixão ouvir falar
Um dia entre a memória e o esquecimento
Colhi aquele chapéu envelhecido
Soltei o pó antigo entregue ao vento
Lembrando aquele sorriso prometido
As abas tinham vincos mal traçados
Marcados pelas penas ressequidas
As curvas eram restos enfeitados
De um corte de paixões então vividas
Aldina Duarte
(imagem de Aníbal Lemos. Centro de Documentação do Museu da Chapelaria)
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1 comentário:
Vejo-te ao longe,
Sombra misteriosa de minha consciência…
Partiste e nada disseste,
Tudo levaste e nada me deixaste senão a
Memória dolorosa de um passado que já não é.
Vejo-te tão longe e já não te sinto…
No canto da cadeira repousa um chapéu.
Objecto fatal de minha consciência.
Banhado de laranja morno,
Espraia-se por entre o veludo do forro
E como jasmim, o seu doce odor preenche o ar venal….
E relembro…
Oh como ainda relembro este doce perfume…
de teus cabelos castanhos.
Lágrimas saudosas tombam sobre minha mão,
Rios salgados de infindáveis mágoas.
Olhos cansados que escondem tua memória…
Lentamente fecham-se… e lembram-se… de ti!
E tudo volta ao que já não é.
O sol da Primavera recai sobre a janela,
Como que se despedindo... até nunca mais…
A campainha toca… uma e outra vez…
Até o silêncio cobrir meu corpo e alma.
No mundo do que já não é,
Vejo-te ao longe olhando para mim,
Tua camisa branca mostrando teu peito de marfim,
Teus cabelos ocultam-se sob um chapéu…
Teu cheiro a jasmim corrompe meu espírito
E grito para te ter…
No mundo do que já não é…tu foste meu todo!
No canto da cadeira ainda repousa um chapéu,
Memória dolorosa de um passado que já não é.
Se uma imagem vale por mil palavras só espero que este Museu possua a mesma qualidade. A curiosidade está lançada... a promessa é de o ir conhecer.
Parabéns e até um dia.
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